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Escola especial

Publicado por: Juliana de Camargo França Miyaoka

Data Post: 17/06/2022


O caminho percorrido pelo meu filho foi o comum entre as crianças recém diagnosticadas. "Ele é nível 1, coloca na escola que ele se desenvolve" foi a primeira dica vinda de um profissional. O problema é que ele não tinha nenhuma habilidade social para viver naquele ambiente. Com isso a introdução escolar foi péssima. A criança criou uma barreira em tudo que é pedagógico. Aprendeu comportamentos disruptivos para fuga de demanda, o tempo de resposta ficou longo, porquê sempre tinha alguém para auxiliar ou fazer as atividades para ele. Qualquer comportamento inadequado era "premiado" com: "Vamos dar uma volta no parquinho?" Assim, não tinha terapeuta ou psicopedagoga que auxiliasse na alfabetização. Com 7 anos ficou evidente que não era nivel 1, o TDAH foi diagnosticado, suspeita de DI, e a demanda, conforme aumentava, mais suporte ele precisava. Mudamos de cidade porque onde morávamos já não tinha estrutura para atendê-lo. Fizemos 3 entrevistas em escolas que quando sabiam do diagnóstico a vaga desaparecia. Optamos por uma escola particular que tinha tutor disponível. Com a pandemia a criança, com resistência a escola, mas que estava bem adaptada com o ambiente, ficou sem estímulo. Aula online?? Impossível. A escola enviava atividades adaptadas e a tutora tentava algumas ligações, mas aquilo não fazia sentido nenhum para ele. Optamos por contratar uma professora particular. Além da escola, na qual ele continuou matriculado, a professora, especialista em educação especial fazia atividades de alfabetização em casa. Conforme o tempo passava era evidente que o conteúdo não era assimilado, não havia mais contato com os colegas da sala, a socialização ficou limitada aos parques e com crianças nas terapias... O custo com a escola particular não fazia sentido.. através da professora que nos dava suporte em casa conheci o trabalho das escolas especializadas. Durante um período tive que lutar com meu próprio preconceito contra essas escolas. A falta de conhecimento sobre o trabalho realizado somado à pressão social para que houvesse inclusão não me permitiam pensar nessa possibilidade. Fui buscar informações e acabei cedendo. No início achei que estava fazendo uma escolha precipitada. Mas meu filho foi acolhido e suas necessidades respeitadas, e isso era o mais importante. O conteúdo pedagógico já não era tão importante quanto adquirir autonomia e habilidades práticas para o dia a dia. Sempre acreditamos no potencial do meu filho e reconhecemos todo esforço que ele faz para superar obstáculos e ganhar habilidades e hoje vemos que a escolha pela escola especializada foi a melhor opção. Será para sempre? Talvez não, mas será assim enquanto for necessário. Essa experiência e decisão é individual,   cabe a cada família. Texto por Letícia Marton